terça-feira, abril 27, 2010

"O mais precioso dos perfumes"



Mas comer um homem? Nunca na vida se teriam julgado capazes de uma coisa tão horrível. E admiravam-se, mesmo assim, por terem cometido aquele acto com tanta felicidade e não sentirem, à excepção da falta de à-vontade, o mínimo peso na consciência. Pelo contrário! Tinham o estômago um pouco pesado, mas o coração alegre. Nas suas almas tenebrosas surgiu um repentino palpitar de alegria. E nos rostos pairava-lhes um virginal e suave brilho de felicidade. Era indubitavelmente esse o motivo por que receavam erguer os olhos e fitarem-se.
Contudo, quando se arriscaram a fazê-lo, primeiro de fugida e depois abertamente, não conseguiram reter um sorriso. Sentiam-se extraordinariamente orgulhosos. Era a primeira vez que faziam qualquer coisa por amor.


Estava tentando pensar o que escreveria hoje. Isso é algo tão difícil. É realmente confortante, mas adquirir ânimo em instantes para escrever algo bom, é tão demorado! Depois descarto o excesso, deixando somente o necessário - se é que isso existe.
Das Parfum, die Geschichte eines Mörders - O Perfume, História de um Assassino - é uma obra do escritor alemão, Patrick Süskind, foi publicado pela primeira vez em 1985. O livro foi inspirado nas teorias de Freud, e conta a história de Jean-Baptiste Grenouille, um homem que possui um olfato extremamente apurado, mas não "consegue sentir o próprio cheiro".
O "carrapado de Grenouille", como é chamado desde o início da obra, nasce no meio das tripas de peixe atrás de uma banca, tendo sua mãe executada tempo depois por infanticídio, passando assim pelos mais variados "tipos de maus-tratos". Após, é abandonado pela ama de leite, e é mandado a um orfanato (acaba assustando as crianças que tentam matá-lo), no qual descobre o "dom" que obtém. Durante a história, somente reparará na sua ausência de odor bem mais tarde, e será "compensada" de certa forma, pela criação de perfumes, que chegam a ser mais ou menos atraentes, utilizados por Grenouille, a fim de ser notado pelos outros.
Trabalhou como aprendiz de curtidor de peles e aprendiz de perfumista, e graças ao seu "dom", enquanto foi aprendiz de perfumista aprendeu diversas técnicas para a criação de perfumes - sendo um deles especial, o "perfume do amor".
Grenouille um dia encontra uma jovem, com um perfume totalmente diferente - guarda esse cheiro na memória -, e acabará por matá-la, já que o desejo de apoderar-se do seu odor. Mas, esta jovem é apenas uma das muitas jovens que o protagonista acaba por matar, tudo em busca do perfume perfeito - feito que adquire no final da obra.
Para finalizar "com chave de ouro", o "carrapato de Grenouille" volta a Paris - depois de ser perseguido e obsorvido das acusações de assassinato, relativo as várias jovens - e é partido aos bocados e comido por pessoas devido ao efeito do perfume que tinha posto: um final trágico para o protagonista - que fez uma das maiores descobertas da humanidade, o "odor do amor".

Devo detalhar que o objetivo principal da obra, que se chama "O Perfume", serve para encobrir o mundo dos fedores, dos crimes, das injustiças e da hipocrisia que caracterizam a cidade de Paris durante o século XVIII.

Por Jessica.

Livro, para quem sentir uma breve vontade < http://www.reidoebook.com/2009/06/o-perfume-historia-de-um-assassino.html > , e o filme é bom, gostei, mas nada substitui o livro, acreditem nisso!

segunda-feira, abril 19, 2010

"Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante."

Procura da poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície inata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

ANDRADE, Carlos Drurmmond de. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro:José Aguilar,1973.

domingo, abril 18, 2010

"(...) Vá, ragazzo innamorato..."

"Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia" ( William Shakespeare).

Para complementar meu pensamento, ou para fazer comparações, vou falar de algo realmente básico hoje, o conto "A Cartomante", de Machado de Assis. Foi publicado primeiramente na Gazeta de Notícias (Rio de Janeiro, 1884), sendo incluído na obra Várias Histórias e em Contos: Uma Antologia. A história é narrada em terceira pessoa.
O conto é sobre a história de um triângulo amoroso entre Rita, Vilela e Camilo. Camilo e Vilela são grandes amigos, mas Camilo obtêm um caso com Rita (esposa de Vilela), e o caso ocorre pelo afastamento de Rita de Vilela pelo falecimento da mãe do mesmo. O romance começa com uma diálogo entre Camilo e Rita(sexta-feira de novembro de 1869), que "fala" das constantes visitas à cartomante (que é o quarto personagem), e Camilo nega-se a acreditar nas palavras da vidente.
A vidente é uma personagem que ludibria as personagens principais, desde Rita que crê na ideia de que cartomante pode resolver todos os suas angústias e problemas, até Camilo, que no fim do conto, quando está prestes a ter seu caso desmascardado com Rita, recorre à mesma, que o ilude de forma semelhante a todos os seus clientes. A cartomante usa alegorias, parecendo assim, sábia e "dona do destino", enganando Camilo, que sai depois do encontro, confiante, para a morte.
Logo no início, Machado cita Shakespear - Hamlet -, mostrando desde o princípio o fim trágico do conto, que tentamos reverter acreditando nas palavras da cartomante.Machado visa nessa obra que ceticismo vença a crença, o misticismo e a superstição (isso é o que os leitores querem de desde o começo, afinal é difícil "crer na realidade").

Por Jessica.

P.s: Para quem quiser leu, e jamais sentiu interesse, <
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/cartomante.html >. E para quem já leu e teve a boa vontade de ler outros posts antigos, comparem - foi o que disse antes de começas a escrever tudo isso. Até.

sábado, abril 17, 2010

"As ondas são anjos que dormem no mar (...)"


O Fantasma

Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!


Um pouco de Romantismo? Claro, isso é está entre uma das coisas mais fáceis da vida. Comecei lendo os poemas dele, são realmente bons, não nego, mas são melosos demais ás vezes ( devo repetir e dizer que é Romantismo?).
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu em São Paulo no dia 12 de setembro de 1831 e faleceu no Rio de Janeiro, dia 25 de abril de 1852. Foi escritor da segunda geração romântica, a chamada Ultra-Romântica, Byroniana ou Mal-do-século
- até mesmo Spleen - inspirou-se em Lord Byron e Musset. Foi também contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro.
Para alguns teve uma vida boêmia, e para outros uma vida calma, entretanto suas poesias eram impregnadas de sarcamos e ironias, dor, uma visão surreal sobre o amor, idealizando ás donzelas. Além disso, tem uma ideia fixa sobre a morte, provavelmente pelos traumas que obteve durante a infância (a morte prematura do irmão e de colegas da faculdades), além do estado de saúde em que se encontrava - morreu aos 20 anos de tuberculose.
A dualidade é fortemente percebida em suas obras, que ora parecem ser sentimentais, e ora parecem ser trágicas (mas o pessimismo esteve como alicerce principal em sua obra).
Suas obras disponíveis:
  • 1853 Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo, Lira dos Vinte Anos (única obra preparada para publicação pelo autor) e Poesias diversas;
  • 1855 Obras de Manuel Antônio Álvares de Azevedo, primeira publicação da sua prosa (Noite na Taverna);
  • 1862 Obras de Manuel Antônio Álvares de Azevedo, 2ª e 3ª edições, primeira aparição do Poema do Frade e 3ª parte da Lira.
  • 1866 O Conde Lopo, poema inédito.

Por Jessica.

P.s: Gosto dele, acho que é bom você saber balancear o momento exato para cada tipo de poesia, já que existe um "grande leque" de variedades, para todos os gostos (propaganda é a alma do negócio, acima de tudo!).

sexta-feira, abril 16, 2010

"É muito mais fácil matar um fantasma do que matar uma realidade."







"All these voices sounded gratefully in St. John's ears as he lay half-asleep, and yet vividly conscious of everything around him. Across his eyes passed a procession of objects, black and indistinct, the figures of people picking up their books, their cards, their balls of wool, their work-baskets, and passing him one after another on their way to bed (The Voyage Out, Virgínia Woolf)."





Como se fosse uma continuação, de Sylvia para Virginia. Por que estou tão centrada assim ultimamente? Talvez nem eu saiba – ou não. Mas, vamos "trying to keep this". Mas, vou fazer a biografia antes - a da Sylvia me deu um desânimo, perdão por esse ato inaceitável!
Virgínia Woolf nasceu em Londres, 25 de Janeiro de 1882 e faleceu em Lewes, dia 28 de Março de 1941, e ainda é considerada uma das mais importantes escritoras britânicas. Estreou na literatura com The Voyage Out (romance, 1915), seguindo para Night and Day (1919), Jacob's Room (1922), Mrs. Dalloway (1925), The Common Reader (1925 - Primeiro volume), To the Lighthouse (1927), Orlando: A Biography (1928), The Waves (1931), The Common Reader (1932 - Segundo volume), Flush: A Biography (1933), The Years (1937), Roger fry (1940), Between the Acts (1941, publicado depois de sua morte), terminado com Contos Completos (1917-1941, uma coletânea ).
A obra de Virginia modernista (ainda estou devendo um resumo sobre os períodos da literatura, estou me sentindo sobrecarregada, da próxima vez faço um blog sobre algo mais chamativo e menos preocupante, lembrem-me disso!). O fluxo de consciência (utilizado por Clarice também) foi uma de suas marcas mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.
Casou-se com Leonard Woolf criando assim, em 1917 a editora Hogarth Press que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia sempre apresentou crises depressivas, e acabou cometendo suicídio em 1941.
Virginia também foi integrante do Bloomsbury, um círculo de vários intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionou contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana.


Por Jessica.


P.s: Vamos combinar de comentar de algo mais calmo na próxima vez.

quinta-feira, abril 15, 2010

"Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos."

(...) Depois tudo passou e Macabéa continuou a gostar de não pensar em nada. Vazia, vazia. Como eu disse, ela não tinha anjo da guarda. Mas se arranjava como podia. Quanto ao mais, ela era quase impessoal. Glória perguntou-lhe:
- Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.
- É para eu não me doer.
- Como é que é? Hein? Você se dói?
- Eu me dôo o tempo todo.
- Aonde?
- Dentro, não sei explicar.
Aliás cada vez mais ela não se sabia explicar. Transformara-se em simplicidade orgânica. E arrumara um jeito de achar nas coisas simples e honestas a graça de um pecado. Gostava de sentir o tempo passar. Embora não tivesse relógio, ou por isso mesmo, gozava o grande tempo. Era supersônica de vida. Ninguém percebia que ela ultrapassava com sua existência a barreira do som. Para as pessoas outras ela não existia. A sua única vantagem sobre os outros era saber engolir pílulas sem ágúa, assim a seco. Glória, que lhe dava aspirinas, admirava-a muito, o que dava a Macabéa um banho de calor gostoso no coração. Glória advertiu-a:
- Um dia a pílula te cola na parede da garganta que nem galinha de pescoço meio cortado, correndo por aí.

Depois de falar de Clarice, pensei muito na ideia de colocar uma de suas obras mais conhecidas, "A Hora da Estrela". Esse foi a última obra de Clarice, que soou como uma despedida, já que pouco tempo depois ela morre - não gosto desses detalhes, afinal para mim, uma escritora como ela, jamais morre.
A história começa sendo narrada por Rodrigo S. M. , um escritor que chega a ironizar a própria obra, pelo estilo de narrativa que ele utiliza. O "narrador-personagem" conversa com o leitor, dizendo que se sente sufocado, e escreve porque se sente desesperado e cansado, e só escrevendo ele alcança novidades, e sem isso, já estaria morto. Após, Rodrigo revela que está escrevendo sobre a vida de uma pessoa tão simples - e está vestindo roupas rasgadas, faltando fazer a barba - , e durante o período que ele escreve (se dedica a esses livros), nem pensa, nem vê e faz nada que o influêncie.
Rodrigo conta a história de Macabéa (andei lendo uns detalhes realmente interessantes, e descobri que o nome da personagem vem de uma irônica comparação aos sete macabeus, personagens da bíblia), uma retirante nordestina, que logo após a morte de seus pais, passa a morar com uma tia, beata, que batia muito nela. Maca, muda-se de Alagoas para o Rio de Janeiro, passando a viver em um quarto com várias Marias na rua do Acre, só tinha até o terceiro ano do primário e trabalhando como datilógrafa - profissão da qual se orgulhava, mas não executava tudo com perfeição, errando diversas palavras, chegando quase a ser demitida, só que seu patrão, Raimundo, mediante o pedido de desculpas, diz que será "demitida mais adiante".
Macabéa era uma pessoa "vazia", fazia quase tudo mecânicamente, Rodrigo diz que ela "vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã". Quando sentia fome durante a noite, comia papel imaginando que era uma "coxa de vaca"; rezava toda noite (parou de frequentar a igreja, logo que sua tia morreu), mas não acreditva em Deus, porque ela não sabia como ele era, e para ela, ele não exitia.
Um dia, Maca mentiu para o patrão, dizendo que iria arrancar um dente, e pela primeira vez, deu-se o prazer de não fazer nada. Neste mesmo dia, pela tarde, ela arruma um namorado chamado Olímpio de Jesus - mentia se chamar Olímpico de Jesus Moreira Chaves, era nordestino também, e era uma pessoa muito pobre culturalmente, além de "judiar" muito da protagonista-personagem.
Uma das poucas coisas que Maca gostava, era tomar café frio (mesmo sentindo azia depois), pintar as unhas de vermelho, ir uma vez ao mês no cinema e ouvir uma através de um rádio emprestado, a chamada "Rádio Relógio" - com isso, novamente pode-se perceber a inocência que havia nela, e que foi literalmente "destruída": "Ouvia na Rádio Relógio que havia sete bilhões de pessoas no mundo. Ela se sentia perdida. Mas com a tendência que tinha para ser feliz logo se consolou: havia sete bilhões de pessoas para ajudá-la".
Pouco tempo depois, Olímpico termina o namoro com Macabéa, interessandos-se pela "colega de trabalho de Maca", a chamada Glória (Olímpico termina o namoro chamando ela de "cabelo na sopa", já a moça era "carioca da gema" e com ela obteria a ascensão social que tanto almeja.
Glória, se sente culpada e começa a conversar com Maca (tornando-se agora a única ligação que a moça obtém com o mundo), recomendando que ela vá em um médico (o "médico de pobre", que a trata mal e dá como diagnóstico o início de uma turbeculose, e receita um remédio que Maca não compra, acreditando que somente à visita ao médico irá curá-la).
Seguindo os conselhos de Glória, novamente, Maca vai a uma cartomante - chamada Madame Carlota -, onde recebe pela primeira vez a notícia que teria um futuro, se sente "grávida de futuro", mas acaba morrendo logo após, atropelada por um carro e tendo seu breve minuto como estrela (sendo rodeada por pessoas para ver seu corpo). Nesse exato momento Rodrigo também provavelmente morre com a Maca, acabando assim a história.
Comparo essa parte ao conto do Machado de Assis, gera o mesmo sentimento : um mistura de indignação com a situação de Macabéa, as injustiças que ela passou, e a certeza de que o final iria ser esse, por mais cruel que a realidade seja.
Por Jessica.
Sabe aquela sensação temporária do nada, a falta do "sentir" que Macabéa cita? Toda vez que termino de ouvir histórias que terminam de maneira previsível e inacreditáveis (para mim, isso é um paradoxo), como em A Hora da Estrela, O Mulato, e o conto do Machado que já citei, parece que elas afloram com um sentimento de culpa e impunidade, "não sei como agir com o mundo". Muito menos explicar tudo que falei anteriormente. Finjam que adiantou de algo.

quarta-feira, abril 14, 2010

'Daddy, daddy, you bastard, I'm through."






Ariel





Stasis in darkness.
Then the substanceless blue
Pour of tor and distances.

God's lioness,
How one we grow,
Pivot of heels and knees! -- The furrow

Splits and passes, sister to
The brown arc
Of the neck I cannot catch,

Nigger-eye
Berries cast dark
Hooks ----

Black sweet blood mouthfuls,
Shadows.

Something else

Hauls me through air ----
Thighs, hair;
Flakes from my heels.

White
Godiva, I unpeel ----
Dead hands, dead stringencies.

And now I
Foam to wheat, a glitter of seas.
The child's cry

Melts in the wall.
And I
Am the arrow,

The dew that flies,
Suicidal, at one with the drive
Into the red

Eye, the cauldron of morning.


Sylvia.



Por onde começar? Vou ver até onde consigo explicar esse livro de maneira mais viável. Ariel, antes de tudo, é um nome que vem da origem hebraica que significa Leão de Deus. Pode ser usando tanto para homens – Shakespeare o utilizou em sua peça A Tempestade, denominando o Espírito do Ar – e para mulheres – como fez Hans Christian Andersen na Pequena Sereia.
Ariel é o segundo livro de poesia da escritora norte-americana Sylvia Plath, foi publicado em 1965, dois anos após o seu suicídio da autora. A maior parte dos poemas de Ariel foram selecionados por ela e os que não estavam em seu manuscrito original foram adicionados por Ted Hughes, ex-marido de Plath.
Acredito que a melhor maneira de entender o poema, é olhar a narrativa original de "A Pequena Sereia", de Hans. Mermaids não consegue matar seu amor verdadeiro, perdendo assim sua própria vida como consequência, como Sylvia, que vive um martírio - comparo principalmente a situação em que as mulheres em geral viviam anteriormente - além do casamento conturbado que teve com Hughes (que terminou com uma separação). Nesse caso, Ariel seria a Sylvia, que tenta lutar até o fim, morrendo no final, e Hughes seria o príncipe, que não corresponde os sentimentos da amada, causando sua morte. Ou seja, "A Pequena Sereia", é um tipo de tema que é dito por alguns como intemporal na exploração filosófica da natureza do próprio amor.

Por Jessica.

P.s: Vou ficar devendo uma biografia por aqui. Os livros de Sylvia são realmente muito bons, só que estava realmente inspirada para colocar algo sobre ela. Algo específico. Achei um site com alguns dos vários poemas dela, < http://www.stanford.edu/class/engl187/docs/plathpoem.html > estão em inglês, mas são fáceis na lingua original - opinião própria.


sábado, abril 10, 2010

Um pouco mais de Clarice.

"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja."

Por Clarice, de "Onde estivestes de noite" - 7ª Ed. - Ed. Francisco Alves - Rio de Janeiro – 1994.

quinta-feira, abril 08, 2010

"Navegar é preciso, viver não é preciso."



Basta Pensar em Sentir

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.



Falei tanto o que ele disse, mas não falei sobre ele, talvez pelo excesso de conteúdos e a vontade que foi ocupada pelo "momento vegetal da vida". Para quem não sabe, falo do meu idolatrado Fernando Antônio Nogueira Pessoa - nasceu em Lisboa, 13 de Junho de 1888, faleceu na mesma cidade em 30 de Novembro de 1935 - um dos maiores poetas portugueses que provavelmente já pode ter se obtido notícia. Dono de um estilo completamente único, Fernando foi além dele mesmo - ou nao?! -, uma grande variedade de poetas - ele possuia diversos heterônimos, contam-se 72, e os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Pessoas", como é chamado graças a isso, foi sempre uma pessoa aparentemente calma, mas com um "eu" desconhecido. Sua poesia era modernista - a dos seus heterônimos eram de diversas vertentes, como a de Alberto Caeiro que era bucólico, ou seja Àrcade.

Obras:

1.Heterônimos
  • Poemas de Alberto Caeiro (O Guardador de Rebanhos; O Pastor Amoroso; Poemas Inconjuntos; Fragmentos);
  • Odes de Ricardo Reis;
  • Poesias de Álvaro de Campos;
  • Para além doutro oceano de Coelho Pacheco;
  • Bernardo Soares.

2.Ortônimo

  • Mensagem;
  • Quinto Império;
  • Cancioneiro;
  • À memória do Presidente-Rei Sidónio Pais;
  • Poemas Dramáticos;
  • O Marinheiro;
  • Primeiro Fausto;
  • Poesias Inéditas;
  • Novas Poesias Inéditas;
  • Quadras ao Gosto Popular;
  • Poemas Ingleses;
  • Poemas Franceses.
3.Traduções
  • O Corvo — The Raven, de Edgar Allan Poe;
  • Annabel Lee — Annabel Lee, de Edgar Allan Poe;
  • Hino a Pã — Hymn to Pan, de Aleister Crowley;
  • Ulalume — Ulalume, de Edgar Allan Poe;
  • Da Antologia Grega — The Greek Anthology, de W. R. Paton;
  • Catarina a Camões — Catarina to Camoens,de Elizabeth Barret Browning;
  • A Voz do Silêncio — The Voice of the Silence, de Helena Blavatsky.
4.Ensaios

  • A minha pátria é a língua portuguesa.
5. Cartas
  • Cartas de Amor (Meu amorzinho, meu Bebé querido; Ophelinha (19 de Fevereiro); Meu querido Bebezinho; Meu Bebezinho lindo; Vibora; Ophelinha (29 de Novembro); Terrivel Bebê);
  • Livro do Desassossego (Carta de Fernando Pessoa para Mário de Sá-Carneiro; Carta de Fernando Pessoa para João Gaspar Simões; Carta de Fernando Pessoa para Adolfo Casais Monteiro)
  • Outras (Carta de Fernando Pessoa para Mário Beirão; Carta de Fernando Pessoa requerendo o lugar de conservador-bibliotecário)
6.Conto
  • O Banqueiro Anarquista

7.Outros

  • Nota Autobiográfica

P.s: Vou tentar fazer uma introdução sobre alguns períodos de literatura, sabe? Acho que ia ser bom, e penso em por algo sobre algumas figuras se linguagem. Baixem os livros dele no oráculo, achei todos sem excessão, e de diversos formatos. Os de Allan Poe também são bem fáceis para se encontrar, traduzidos pelo Fernando, ou no original. Fontes é o que não faltam, depende da vontade própria, entendem?

Por Jessica.

P.s²: Quem sentir a breve vontade de procurar mais pela vida do autor, { http://www.vidaslusofonas.pt/fernando_pessoa.htm } ; mas ele é declarado como um "enigma" - o que vale é a intenção, até chego a entender isso.

quarta-feira, abril 07, 2010

Augusto, dos Anjos.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme - este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da inorgânica da terra!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, nascido no Engenho Pau d’Arco, no dia 20 de abril de 1884, foi um dos maiores poetas expressionistas do país – pelo menos no meu ponto de vista, gosto do gênero dele.
Augusto era formado em direito – atuava como professor -, mas jamais chegou a exercer a profissão. Casou-se com Ester Fialho, perdeu um filho prematuramente. Sua primeira obra “Eu”, surgiu em 1912, mas foi substituído em 1920 - essas datas vão acabar comigo algum dia, fato! -, por seu bem sucedido livro, o famoso "Eu e Outras Poesias", que surgiu na transição pouco antes da passagem modernista, e com a mistura do estilo parnasiano, simbolista e expressionista - uma mistura de sua primeira obra, com novas poesias.
"Eu e Outras Poesias" é um livro marcado pelo vocábulo científico, além de aspirarem a morte, forças "obscuras" e certas fatalidades de leis biológicas e físicas, todos termos empregados por Augusto- esse livro chegou até mesmo a ser utilizado em uma Universidade de Medicina.

Por Jessica, ainda vida.

Achei algo, tentem ver um tempo livre para ler, Augusto é realmente marcante. Gosto de ter essas "epifanias" de vez em quando.


terça-feira, abril 06, 2010

"La Valse d'Amélie"


Para sair um pouco da monotonia que me mata, um filme realmente bom. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain - Le fabuleux destin d'Amélie Poulain, dirigido por Jean-Pierre Jeunet - é um filme extremamente marcante, pelos seus detalhes, e pelo seu enredo, que mesmo parecendo simples, transmite uma sensação poucas vezes transmitida no cinema. Os personagens são apresentando-nos com suas manias e preferências aparentemente bizarras, mas humanas. A comédia e o romance que aparecem ao decorrer da história, com seu cenário – marcante – lembram “histórias em quadrinhos”, com uma atmosfera completamente parisiense.
Amélie antes de se mudar para o bairro de Montmartre, morava com seus pais levemente neuróticos.
A aventura de Amélie começa quando ela descobre uma caixinha de infância que pertencia ao antigo morador de seu apartamento. Dominique, o morador, ao ver a caixinha se emociona, mudando a visão do mundo que Amélie obtinha, sendo que agora, a partir de gestos simples, ela passa a ajudar as pessoas ao seu redor, dando uma nova razão para sua existência.
Com isso, a protagonista, que antes "vivia uma vida sem cores", se apaixona, e finalmente sai do mundo "comum" que vivia.

Achei o filme todo no you tube, mas da maneira que Jack, o Estripador gosta, por partes! Ou baixem pelo Pirate Bay, não esto a fim de colocar links, okay?

Por Jessica (em um nível de estresse super elevado), sinto.

P.s: A trilha sonora é perfeita também, e descobri que a série Pushing Daisies tinha o mesmo roteiro - ela parou de ser exibida - mas, quem sabe ela volta? *-* Link para maiores informações: (sono) http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_fabuleux_destin_d'Am%C3%A9lie_Poulain.

segunda-feira, abril 05, 2010

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.” Clarice.



Não sabia como escrever sobre ela, só sabia que devia. Acredito que não existe como começar algo, principalmente relacionado à alma, sem citar minha amada Clarice Lispector. Uma das poucas e mais que boas, únicas.
Clarice nasceu Tchetchelnik - apenas alguns detalhes, tudo isso por uma breve introdução, entendam! -, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, mas nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América. A família muda-se para Recife, Pernambuco, e passa por sérios problemas - a mãe de Clarice ficou paralítica, morrendo pouco depois, e sua irmã ficou responsável de cuidar da casa. Mesmo com sua vida conturbada, termina seu curso de direito, casa-se com o colega de faculdade Maury Gurgel Valente - separando-se "tempos depois". Seu marido ingressa na carreira diplomática por concurso. Tem dois filhos - Paulo e Pedro. Dedica-se completamente aos livros, e vem a falecer no Rio de Janeiro, dia 9 de dezembro de 1977, pouco antes do seu 57° aniversário.
Quando Clarice surgiu, na década de 40, ocasionou um grande choque para os leitores e críticos da época. Mas, até hoje, seu jeito indecifrável, cativa um público que se torna crescente e cada vez mais se identifica com sua obra. Vários trabalhos – entre eles artigos, ensaios, teses – tentam entender sua obra, que provocam paradoxos, graças ao fascínio e o mal-estar que giram em torno de seus prováveis significados.
Sendo rejeitada por uns e vangloriada por outros ao longo de seus mais de 30 anos de produções literárias – e uma vasta quantidade de contos, romances, livros infantis e contos -, Clarice sempre resiste às várias classificações que recebe, e sempre define sua vida de maneira “indireta”: "Levo uma vida muito corriqueira. Crio meus filhos. Cuido da casa. Gosto de ver meus amigos. O resto é mito.”
Digo que Clarice sempre foi uma mulher muito avançada, suas percepções acerca do mundo são muito amplas. Seus textos mostram diversos choques com a realidade - situação que na maioria das vezes ocorre principalmente com as mulheres em sua obra, já que as mesmas sempre sofreram "certas repressões". A epifania que muitas de suas protagonistas obtêm, doem - afinal, é difícil admitir os erros.

Coloquei a lista com suas obras, quem sentir vontade de ler algum, por livre e espontânea vontade, parabéns! o_o

1. Romances:

  • Perto do Coração Selvagem (1944);
  • O Lustre (1946);
  • A Cidade Sitiada (1949);
  • A Maçã no Escuro (1961);
  • A Paixão segundo G.H. (1964);
  • Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969);
  • Água Viva (1973);
  • A Hora da Estrela (1977);
  • Um Sopro de Vida (pulsações) (1978).


2. Contos:

  • Alguns Contos (1952);
  • Laços de Família (1960);
  • A Legião Estrangeira (1964);
  • Felicidade Clandestina (1971);
  • A Imitação da Rosa (1973);
  • A Via Crucis do Corpo (1974);
  • Onde Estivestes de Noite (1974).


3.Crônica:

  • Visão do Esplendor (1975);
  • Para não Esquecer (1978).

4. Literatura infantil:

  • O Mistério do Coelho Pensante (1967);
  • A Mulher que Matou os Peixes (1968);
  • A Vida Íntima de Laura (1974);
  • Quase de Verdade (1978) .


5. Obras póstumas (Coletâneas de contos, crônicas ou entrevistas organizadas e publicadas postumamente):

  • A Bela e a Fera (1979) – reunião de contos inéditos escritos em épocas diferentes;
  • A Descoberta do Mundo (1984) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973 ;
  • Como Nasceram as Estrelas (1987) – contos infantis;
  • Cartas Perto do Coração (2001) – cartas trocadas com Fernando Sabino;
  • Correspondências (2002);
  • Aprendendo a Viver (2004) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973;
  • Outros Escritos (2005) – reunião de textos de natureza diversa;
  • Correio Feminino (2006) – reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960;
  • Entrevistas (2007) – seleção de entrevistas realizadas nas décadas de 1960 e 1970 ;
  • Minhas Queridas (2007) – correspondências ;
  • Só para Mulheres (2008) – reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960.

Referências Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_obras_de_Clarice_Lispector>

Por Jessica.

P.s: Achei esse site realmente bom, {http://www.claricelispector.com.br/}. Tem pensamentos e é tão lindo! *-* (cansei).

domingo, abril 04, 2010

"Mais do mesmo, como diria Renato Russo".

Na Véspera de nada
Ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada
Durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via,
Ninguém aqui chegou.
Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.


Do Fernando.

Are You Drinking?



Charles Bukowski

“A maçã ficou alojada na carne como uma recordação visível.”

“A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente coberta por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era se possível ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Depois, sem intervenção de sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego”. (Kafka, Metamorfose.)


"Quando Gregor Samsa despertou uma manhã na sua cama de sonhos inquietos, viu-se metamorfoseado num monstruoso insecto". Começa assim a história de nosso protagonista Gregor Samsa, personagem criado por Franz Kafka. A sua obra escrita é marcada pelo seu detalhista, imparcial, abrangendo os temas relacionados à alienação e à perseguição – uma característica de Metamorfose.
Samsa era um caixeiro-viajante que ficou responsável por todas as despesas de casa, mas em uma manhã comum ao acordar - esse “acordar” significa uma tomada de consciência, como uma epifania, situação que Clarice Linspector "explica" várias vezes em sua obra - para o trabalho, o protagonista percebe que se transformou em um inseto horrível. As suas preocupações – que antes eram relacionadas às condições financeiras – mudaram para sentimentais e psicológicas – coisas para que antes ele não tinha muito tempo.
Durante todo romance, Kafka se preocupa em mostrar a fragilidade humana, e o poder de transformação da espécie através de metáforas. O processo é solitário, e o questionamento chega a ser interno e variado, devo detalhar que as pessoas que o rodeiam não conseguem interpretar o que se passa na mente de Gregor, deixando-o a própria sorte.
Samsa, graças as suas novas condições, se sente ressentido e solitário - até mesmo a família o repudia, e somente a irmã se manifesta para lhe levar alimento, entretanto e o medo misturado com a repulsa se começa a se manifestar.
Gregor passa por uma modificação que altera suas atitudes, seus sentimentos e sobretudo suas opiniões, passando da teoria que Saramago definiria como “só vendo, mas não reparando”. Devo destacar que não é só Gregor que passa por uma metamorfose, mas sua família, que antes dependia exclusivamente dele, começa a "viver" - o pai volta ao emprego, Grete, a irmã , consegue um emprego e investe no aluguel de quartos de sua própria casa.
Kafka relata em sua obra "um alerta aos comportamentos da sociedade", descrevendo a angústia de um homem e a ignorância do mundo mediante as suas dificuldades.
Acho que é bom reparar que Gregor jamais dá conta em que se transformol realmente em um inseto. Observando apenas seu corpo, seus órgãos e seus novos hábitos, entretanto, com o tempo se acostuma com a nova condição sem entender no que se transformara.

Por Jessica.

Agora vai dos leitores as múltiplas interpretações - é plurissignificativo, meu caro!. Mas, lendo alguma das postagens anteriores, já dá para ter uma ideia do que tenho em mente. "Decifra-me ou devoro-te", como diria a Esfinge.

sábado, abril 03, 2010

Elementar, meu caro Watson!


"Não consigo viver sem trabalho cerebral. Para que mais vale a pena viver? Fique aqui ao lado da janela. Já reparou em como este mundo é melancólico, sombrio e inútil? Veja como a neblina amarelada desce para as ruas e envolve as casas de cores mortas. O que poderia ser mais desesperadamente prosaico e material? Doutor, qual é a utilidade de se ter uma habilidade quando não se tem campo para pô-la em prática? Crime é um lugar-comum, a existência é um lugar comum, e qualidade alguma salva aquilo que o lugar-comum executa neste mundo." (O signo dos quatro)

Histórias de detetive são sempre fascinantes. Mas nenhum personagem chama tanto a atenção quanto o famoso detetive Sherlock Holmes, criado pelo médico escocês Arthur Conan Doyle e que teve sua primeira aparição pública em 1887. Desde então, esse famoso detetive tornou-se uma grande referência na ficção policial e para aqueles que estudam a lógica e a ciência forense.
Holmes e seu fiel escudeiro Watson já sofreram diversas adaptações - outra delas, que saiu recentemente, já foi para os cinemas. A coleção de Conan, que conta com 56 livros, sendo que a primeira aparição foi registrada em "Um Estudo em Vermelho", que foi publicada na revista Beeton's Christmas Annual em 1887 e na Lippincott's Monthly Magazine em 1890. Graças a crescente popularidade de Holmes, em 1891 ganhou sua primeira série de contos na The Strand Magazine, que o total de histórias cobre um período de 1875 a 1907, e o último caso foi ambientado em 1914.
Doyle afirmou que a sua grande inspiração para criação do personagem, foi seu professor Joseph Bell - da Edinburgh Royal Infirmary. O professor, segundo Doyle, tinha a capacidade de observação extremamente aguçada e sempre estava atento aos mínimos detalhes. Como Holmes, Bell era conhecido por tirar conclusões completas a partir de simples observações.
Conan, apesar de ter sido um escritor versátil - já que ele escrevia relatos policiais a contos com dinossauros e histórias com fadas -, ele ficou imortalizado com o famoso detetive. Mesmo com a produtividade limitada, a quantidade de dados que passou sobre a vida e o passado do detetive é tanta que gerou no mundo, grupos que se reúnem na data de aniversário de Sherlock - seis de janeiro. Apesar disso, montar uma "linha cronológica" de Holmes, é uma tarefa realmente complicada, mesmo com tantos dados explícitos. Assim, os amantes do detetive completam as lacunas usando a dedução e a lógica. Sabe-se que ele teria nascido entre 1854, e seus métodos dedutivos foram desenvolvidos durante sua "idade escolar". Outros até afirmam que Holmes teria frequentado Cambridge e não Oxford, teoria que a grande maioria de fãs acredita.
Seus primeiros casos vieram com os colegas da universidade, e de acordo com o próprio personagem, foi o encontro com o pai de um de seus colegas que o levou a escolher uma carreira que pudesse usar seu métodos dedutivos. Passou seis anos após a universidade trabalhando como detetive, até que as dificuldades financeiras o levaram a procurar alguém para dividir o aluguel. É aí que entra o Watson, e começa o primeiro romance.
Em 1881 ele se instala no famoso endereço de Baker Street, 221b, de onde dirige sua agência de serviços de detetive. Ele utiliza o serviço de agentes independentes, incluindo um bando de crianças de rua - os Irregulares da Baker Street - que pararecem no primeiro e no segundo romance - O Signo dos Quatro.
Os mistérios de rondam acerca de Sherlock são tantos que eu seria capaz de passar uma vida aqui falando sobre ele. Posso até continuar isso da próxima vez, uma parte II, quem sabe?! Por enquanto acho que isso é mais que o suficiente.


Por Jessica.

P.s: É mais fácil de achar livros do que eu imagino, vão no oráculo! >.>

sexta-feira, abril 02, 2010

"Fairy Tales."

"He now felt glas at having suffered sorrow and trouble, because it enabled him to enjoy much better all pleasure and hapiness around him for the great swans swan round the new-comer, and stroked his neck with their beaks, as a welcome" (from 'The Ugly Duckling').


O escritor Hans Christian Andersen, nasceu no dia 2 de abril de 1805 - faria hoje 205 anos -, na cidade de Odense. Foi além de escritor, um grande poeta dinarmaquês. Mesmo sendo filho de sapateiro, e com as grandes dificuldades na sua educação, conseguiu com os seus ensaios poéticos, e com o conto “Criança Moribunca”, o seu lugar no Instituto de Copenhague. Fez diversas obras : peças , histórias, e contos de fadas, o que lhe glorificou mundialmente.
Entre os vários contos de Andersen, existem O Patinho Feio, A Caixinha de Surpresas, Os Sapatinhos Vermelhos, O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia, A Roupa Nova do Rei e A Princesa e a Ervilha, entre outros.
Em sua homenagem é comemorado, hoje, o Dia Mundial do Livro Infantil. Também foi criado um prêmio com o nome deste escritor, o mais importante da literatura infanto-juvenil. A primeira escritora brasileira a ganhar a Medalha Hans Christian Andersen foi Lygia Bojunga, em 1982.
Para quem é cinéfilo de platão (isso soou como um clichê, fato!), acho que é bom sabe que já foi feito um filme no qual foi contada a história de Hans - no estilo romântico - , cujo foi mesclado trechos de seus contos com sua vida. No Brasil o título da é "A vida num conto de fadas", uma tradução (?) de "My Life as a Fairy Tale".

Por Jessica, já desejando o começo das férias em março.

E como sempre, { http://rapiddigger.com/download/os-contos-de-hans-christian-andersen-pt-2005-rar-3171580/ } - para download, mas tem on-line e o link é extremamente grande, mas basta digitar "The Little Mermaid and Other Fairy Tales", ou procurem algo que lhes interessem, eu só sou uma para tentar realizar tantos milagres .-. - leiam alguma coisa.

P.s: Outro escritor de contos infantis? Claro! Não tenho exatamente nada para fazer, então fico lendo historinhas que trazem morais no final para tentar dar um jeito na minha nobre vida (in)feliz. Depois disso, penso em jogar video game e ver Supernatural. No tempo livre - se é que ele existe - vegeto.

quinta-feira, abril 01, 2010

"Grandmamma, what great ears you have got!"




"The Wolf, I say, for Wolves too sure there are
Of every sort, and every character. Some of them mild and gentle-humour'd be, Of noise and gall, and rancour wholly free; Who tame, familiar, full of complaisance Ogle and leer, languish, cajole and glance; With luring tongues, and language wond'rous sweet, Follow young ladies as they walk the street, Ev'n to their very houses, nay, bedside, And, artful, tho' their true designs they hide; Yet ah! these simpering Wolves! Who does not see Most dangerous of Wolves indeed they be?
"




Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, entre outros, são grandes clássicos infantis que vem passando de geração em geração. Esses contos foram escritos por Charles Perrault em 1667 (achei uma confusão nas datas, então não sei ao certo se foi em 66 ou 67), inaugurando o famoso gênero literário denominado Conto de Fadas. Na primeira edição da obra, era apenas oito contos, sendo logo após adicionados mais três, chegando a atual - e conhecida - formação.
O livro possuia uma leitura fácil, e ao final de cada conto traziam conceitos morais através de "versinhos", associando assim, o teor pedagógico ao lúdico.
Uns dois séculos depois, os Irmãos Grimm adaptaram alguns contos, tornando-os mundialmente conhecidos.
Perrault faleceu no dia 16 de maio de 1703.


Os onze livros contidos nos Contos da Mamãe Ganso são:
  1. La Belle au Bois Dormant - A Bela Adormecida no Bosque
  2. Le Petit Chaperon Rouge - Chapeuzinho Vermelho
  3. La Barbe-Bleue - O Barba Azul
  4. Les Fées - As Fadas
  5. Cendrillon ou La Petit Pantoufle de verre - A Gata Borralheira
  6. Riquet à la Houppe - Henrique, o topetudo
  7. Le Petit Poucet - O Pequeno Polegar
  8. Le Maître Chat ou Le Chat Bottê - O Gato de Botas
  9. A Pele de Asno
  10. Os Desejos Ridículos
  11. Grisélidis


Achei uma cópia realmente boa on-line do livro, meu caro Watson (só que em inglês, so sorry) ! Mas, tentem o traduto do oráculo - vulgo Google - , depois me digam se ele é útil. { http://www.gutenberg.org/files/17208/17208-h/17208-h.htm }. Nesse site, só tem os oito primeiros livros (Cinderella, or the Little Glass Slipper; The Sleeping Beauty in The Woods; Little Thumb; The Master Cat, or Puss in Boots; Riquet With The Tuft; Blue Beard; The Fairy and Little Red Riding- Hood).

Por Jessica.