segunda-feira, abril 05, 2010

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.” Clarice.



Não sabia como escrever sobre ela, só sabia que devia. Acredito que não existe como começar algo, principalmente relacionado à alma, sem citar minha amada Clarice Lispector. Uma das poucas e mais que boas, únicas.
Clarice nasceu Tchetchelnik - apenas alguns detalhes, tudo isso por uma breve introdução, entendam! -, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, mas nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América. A família muda-se para Recife, Pernambuco, e passa por sérios problemas - a mãe de Clarice ficou paralítica, morrendo pouco depois, e sua irmã ficou responsável de cuidar da casa. Mesmo com sua vida conturbada, termina seu curso de direito, casa-se com o colega de faculdade Maury Gurgel Valente - separando-se "tempos depois". Seu marido ingressa na carreira diplomática por concurso. Tem dois filhos - Paulo e Pedro. Dedica-se completamente aos livros, e vem a falecer no Rio de Janeiro, dia 9 de dezembro de 1977, pouco antes do seu 57° aniversário.
Quando Clarice surgiu, na década de 40, ocasionou um grande choque para os leitores e críticos da época. Mas, até hoje, seu jeito indecifrável, cativa um público que se torna crescente e cada vez mais se identifica com sua obra. Vários trabalhos – entre eles artigos, ensaios, teses – tentam entender sua obra, que provocam paradoxos, graças ao fascínio e o mal-estar que giram em torno de seus prováveis significados.
Sendo rejeitada por uns e vangloriada por outros ao longo de seus mais de 30 anos de produções literárias – e uma vasta quantidade de contos, romances, livros infantis e contos -, Clarice sempre resiste às várias classificações que recebe, e sempre define sua vida de maneira “indireta”: "Levo uma vida muito corriqueira. Crio meus filhos. Cuido da casa. Gosto de ver meus amigos. O resto é mito.”
Digo que Clarice sempre foi uma mulher muito avançada, suas percepções acerca do mundo são muito amplas. Seus textos mostram diversos choques com a realidade - situação que na maioria das vezes ocorre principalmente com as mulheres em sua obra, já que as mesmas sempre sofreram "certas repressões". A epifania que muitas de suas protagonistas obtêm, doem - afinal, é difícil admitir os erros.

Coloquei a lista com suas obras, quem sentir vontade de ler algum, por livre e espontânea vontade, parabéns! o_o

1. Romances:

  • Perto do Coração Selvagem (1944);
  • O Lustre (1946);
  • A Cidade Sitiada (1949);
  • A Maçã no Escuro (1961);
  • A Paixão segundo G.H. (1964);
  • Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969);
  • Água Viva (1973);
  • A Hora da Estrela (1977);
  • Um Sopro de Vida (pulsações) (1978).


2. Contos:

  • Alguns Contos (1952);
  • Laços de Família (1960);
  • A Legião Estrangeira (1964);
  • Felicidade Clandestina (1971);
  • A Imitação da Rosa (1973);
  • A Via Crucis do Corpo (1974);
  • Onde Estivestes de Noite (1974).


3.Crônica:

  • Visão do Esplendor (1975);
  • Para não Esquecer (1978).

4. Literatura infantil:

  • O Mistério do Coelho Pensante (1967);
  • A Mulher que Matou os Peixes (1968);
  • A Vida Íntima de Laura (1974);
  • Quase de Verdade (1978) .


5. Obras póstumas (Coletâneas de contos, crônicas ou entrevistas organizadas e publicadas postumamente):

  • A Bela e a Fera (1979) – reunião de contos inéditos escritos em épocas diferentes;
  • A Descoberta do Mundo (1984) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973 ;
  • Como Nasceram as Estrelas (1987) – contos infantis;
  • Cartas Perto do Coração (2001) – cartas trocadas com Fernando Sabino;
  • Correspondências (2002);
  • Aprendendo a Viver (2004) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973;
  • Outros Escritos (2005) – reunião de textos de natureza diversa;
  • Correio Feminino (2006) – reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960;
  • Entrevistas (2007) – seleção de entrevistas realizadas nas décadas de 1960 e 1970 ;
  • Minhas Queridas (2007) – correspondências ;
  • Só para Mulheres (2008) – reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960.

Referências Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_obras_de_Clarice_Lispector>

Por Jessica.

P.s: Achei esse site realmente bom, {http://www.claricelispector.com.br/}. Tem pensamentos e é tão lindo! *-* (cansei).

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