quarta-feira, abril 07, 2010

Augusto, dos Anjos.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme - este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da inorgânica da terra!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, nascido no Engenho Pau d’Arco, no dia 20 de abril de 1884, foi um dos maiores poetas expressionistas do país – pelo menos no meu ponto de vista, gosto do gênero dele.
Augusto era formado em direito – atuava como professor -, mas jamais chegou a exercer a profissão. Casou-se com Ester Fialho, perdeu um filho prematuramente. Sua primeira obra “Eu”, surgiu em 1912, mas foi substituído em 1920 - essas datas vão acabar comigo algum dia, fato! -, por seu bem sucedido livro, o famoso "Eu e Outras Poesias", que surgiu na transição pouco antes da passagem modernista, e com a mistura do estilo parnasiano, simbolista e expressionista - uma mistura de sua primeira obra, com novas poesias.
"Eu e Outras Poesias" é um livro marcado pelo vocábulo científico, além de aspirarem a morte, forças "obscuras" e certas fatalidades de leis biológicas e físicas, todos termos empregados por Augusto- esse livro chegou até mesmo a ser utilizado em uma Universidade de Medicina.

Por Jessica, ainda vida.

Achei algo, tentem ver um tempo livre para ler, Augusto é realmente marcante. Gosto de ter essas "epifanias" de vez em quando.


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