quarta-feira, março 31, 2010

"Momento num café."



A criança que pensa em fadas



A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.


Alberto Caeiro.

"Dirão, em som, as coisas que, calados,no silêncio dos olhos confessamos?"




"Por que foi que cégamos, Não sei, talvez um dia chegue a conhecer a razão. Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cégamos, penso que estamos cegos. Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem (SARAMAGO,
2005, p.262)."


"Ensaio sobre a Cegueira”, é uma obra de José Saramago, o primeiro escritor de Língua Portuguesa a conquistar o prêmio Nobel da Literatura, que publica a obra em 1995.
Logo no início da história todos os personagens possuíam o sentido da visão em condições de "enxergar” e, simplesmente de repente, “cegam”. O primeiro cego (no romance os personagens são nomeados por adjetivos) adquire uma “cegueira branca”, como se tivessem entrado em um “mar de leite”, e ao decorrer da história, a cegueira se alastra, como uma doença contagiante, dominando provavelmente o mundo. Para evitar o maior número de contágios, os “doentes”, são recolhidos e alojados num manicômio, como se fosse uma unidade de tratamento, assim como prometeram as autoridades a princípio. Lá as pessoas são mantidas com uma forte vigilância para que não fujam, para prevenir a inevitável contaminação do “mal branco”. As condições em que as pessoas vivem no manicômio, são sub-humanas.
Saramago faz com que relembremos a importância que tem o ato de "reparar', como ele cita inicialmente no livro : "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." O livro também pode ser descrito como outra Alegoria da Caverna contemporânea ( Saramago escreveu a Caverna, que pode ser interpretado quase da mesma forma ) - já falei sobre o mito anteriormente em Alice.
As obras de Saramango são estremamente , e mostram a realidade, sem máscaras. Nessa, ele mostra re-humanização do homem, que se encontra estamente acomodado nas condições em que vive, não sentindo necessidade de sair da caverna em que vive.
Já saiu um filme baseado nesse livro, com o mesmo nome, e é comovente - o próprio Saramago chorou ao ver. Uma boa ideia para quem quer refletir sobre "algo a mais."

Por Jessica.

Download do livro, para uma breve tentativa de salvação da humanidade, "(...) Respira, tu que estás numa cela abafada (...)" , como diria Mário Quintana : {
http://maisbook.blogspot.com/2008/07/ensaio-sobre-cegueira-jose-saramago.html } .

terça-feira, março 30, 2010

"Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada." (Mário Quintana)



Quem nunca ouviu falar de Sigmund Freud, o pai da psicanálise? Suas teorias influênciaram - e influênciam - o mundo a respeito dos sonhos.
A história do médico psicanalista começa quando ele inicia um trabalho em uma clínica psiquiátrica. Suas ideias, sobre a memória são baseadas em esperiências vividas ou imaginadas, chegando até mesmo a ser interrompida graças a traumas adquiridos ao decorrer da vida. Quando escutava os seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da sua provávell repressão cultural, tendo seus desejos reprimidos, relegados ao inconsciente. Ele também notou que a maioria desses desejos se tratavam de fantasias que essas pessoas obtinham eram de natureza sexual. Para ele, as memórias que são esquecidas se reprimem no inconsciênte, por causarem sofrimento para a pessoa.
O método usado por Freud é o chamado "manejos de transferência e da resistência em análise" (Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise>). Os pacientes analizados tem que dizer-lhes tudo que vem à mente - chamado método da livre associação. Os seus problemas relacionados à angústias, fantasias, e sonhos eram de primordial interesse para o médico, que os escutava e tentava criar um ambiente seguro para os pacientes.
Para Freud, em alguns momentos dos sonhos, ou através de tratamento psicanalítico, é possível se recuperar essas memórias, trazendo-as de volta para o consciente. Mas, apesar de tudo, todo o estudo acerca da psicanálise é ainda pouco conclusivo, principalmente nos processos das repressões e das emoções.
Um tema realmente bom para se discutir à respeito da memória.


Por Jessica.


P.s: Esse tema realmente me atingiu profundamente. Já tinha lido alguns dos livros do Freud, mas as opiniões acerda dele são muito dividas. Jung, um ex-discípulo de Freud, citou outras teorias, influencidas pelo seu tutor, só que contrárias em certos ponto.
Quem sentir curiosidade para ler algumas das obras de Sigmund, mando logo abaixo, um link para download de alguns livros dele. São realmente bons.



segunda-feira, março 29, 2010

"A - Lex."


" (...) Eu me vi de quatro, tentando me levantar e dizendo: "Feia, feia, feia!", e ela continuava toque toque dizendo:"Seu piolhozinho de favela, invadindo casa de gente de verdade!" Eu não gostei dessa igra de toque toque, então agarrei a ponta da bengala dela, assim que desceu de novo, e aí ela perdeu o equilíbrio e tentou se firmar na mesa, mas quando a toalha da mesa caiu com uma jarra de leite e uma garrafa de leite que primeiro ficou de porre e depois espalhou esploche branco em todas as direções, aí ela caiu no chão grunhindo: "Seu amaldiçoado, você vai sofrer." Agora, a gataria estava aterrorizada, correndo e pulando em pânico, uns botando a culpa nos outros, dando toltchoques de gato com a lapa e ptaaaaá e grrrrrrr e crrrrrrac. Eu me pus em cima dos nogas e lá estava aquela horrenda forela estarre vingativa com os gravetos tremendo e grunhindo enquanto tentava se levantar do chão, então eu lhe dei um pontapé bem ,malenque no litso e disso ela não gostou, gritando "uaaaaá", e videavase o seu litso enodoado e cheio de veias ir ficando violáceo no lugar onde eu acertei o noga (...)."

A Laranja Mecânica está entre (outro) um dos maiores clássicos da literatura. O livro foi escrito por Anthony Burgess em 1962 e conta a história de uma bando de garotos que obtêm Alex - a vida para dele se resume a Beethoven, violência e sexo - como chefe, um garoto que com apenas 14 anos, e que praticavam assaltos e terrorismos na cidade em que moravam.
Mesmo escrito na década de 60, a obra retrada de maneira realista o “nosso atual futuro”. A obra é escrita em gírias – um vocabulário muito empregado pelas gangues atuais. Essa é uma realidade que reflete a ausência do controle sobre o comportamento dos jovens, principalmente nos dias de hoje, já que as instituições sociais não conseguem controlá-los, deixando-os quase sempre à mercê de seus instintos mais agressivos e egoístas.
Em um de seus atos ilícitos, o bando comete um homicídio levando o seu líder, Alex para cadeia, que acaba levando-o a conhecer o outro lado da violência, sentindo na “pele” o que ele causava para as pessoas, já que em um determinado dia, o protagonista conhece um padre, que lhe propõe participar de um projeto que visa reintegrar os delinquentes à sociedade, e em contrapartida sua liberdade será concedida novamente. Alex aceita, e é submetido a diversas práticas que o fazem sentir aversão à violência, entretanto, quando ele voltas as ruas, começa a sentir as mesmas violências que praticava, só que dessa vez ele não pode reagir, já que qualquer tentativa de agressão o fazem sentir mal causando náuseas e vômitos, tornando-se assim vulnerável.
No final, Alex consegue reverter o tratamento graças a um trato com um partido político da oposição.
Creio que podemos concluir que a Laranja Mecânica de Burguess seria não uma crítica à desordem social – um dos impedimentos dos jovens para terem uma melhor perspectiva de vida – mas uma história sobre a transição da idade da adolescência para a maturidade.
Vale agora dizer quem estava correto na obra. Digo para mim que o "A-lex" é uma excelente pessoa, que sofre as consequências do meio em que habita. Minha opinião conta?
Por Jessica ( preciso estudar, sinto pela pressa /o) .

domingo, março 28, 2010

Alice, Alice, Alice.


“Como tudo é esquisito hoje! E ontem tudo era exatamente como de costume. Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando levantei hoje de manhã? Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima pergunta é: quem é que eu sou? Ah, essa é a grande charada”.
(op.cit: 26 , CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Porto Alegre: L&PM Editores, 2005.)

Quem nunca ouviu falar de Alice no País das Maravilhas? Alice's Adventures in Wonderland, que é abreviado para "Alice in Wonderland" é um clássico da literatura criada pelo professor de matemática, o inglês Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll. Alice foi publicada em 4 de julho de 1865.
Essa é uma obra do gênero literário nonsense - surrealismo (foi a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente). O livro conta a história de Alice, uma menina que cai na toca de um coelho sendo transportada para um lugar fantástico, que vivem criaturas extraordinárias e antropomórficas, revelando a lógica do absurdo, que é característica dos sonhos. O livro está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carrol
, com várias paródias e poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. É assim uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos. Este livro é uma continuação da obra do mesmo autor Alice do Outro Lado do Espelho.
Tanto a Alice como a Alegoria da Caverna de Platão, são um conjunto de metáforas, e ambas – como citei logo a cima – possuem várias indiretas mescladas ao decorrer do livro.
Para ter uma noção da caverna de Platão, basta imaginar um muro bem alto separando o mundo externo de uma caverna. No interior da caverna existem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Na caverna existe uma fogueira, sendo esta a única fonte de iluminação permitida para os prisioneiros, que possuem grilhões e sempre ficam de costas para o fogo vendo somente as sombras refletidas na parede, tendo elas como a sua única verdade.
A Alegoria da Caverna é um conjunto de metáforas que demonstram a importância do conhecimento, e o penoso caminho para adquiri-lo. O mito cita também, nas entrelinhas, a ignorância e as formas de superação da mesma, fazendo o prisioneiro da caverna encarar a realidade de forma verdadeira, não apenas através da visão de “sombras projetadas na parede”.
Tanto Carrol como Platão citam a caverna como o começo de tudo, e ambos os protagonistas tem como objetivo principal tentar sair do mundo das ilusões em que ambos viviam. Sócrates – narrador do mito – é morto por “saber demais”, já que ele atuou como um iconoclasta (é bom ter em vista, que a alegoria quando foi escrita, tinha como alvo a política, a pólis grega, só que o mito acabou se aplicando a quase tudo que significasse uma repressão). Alice, quando entra na caverna, passa por uma série de seres inanimados, que obtém na maioria das vezes a própria opinião como a base de tudo – cito a Rainha de Copas, que se enquadra muito bem nesse papel.
O conhecimento é árduo e dolorido, por isso, o prisioneiro ao ser puxado á força da caverna de Platão sente dor nos olhos (órgão do entendimento) logo ao ver a fogueira (que simboliza a verdade). Quando o prisioneiro continua seu caminho e após sair da vez da caverna encaram o bem, que é representado pelo sol. Pouco a pouco ele vê o mundo que via anteriormente só por sombras passando da ignorância para “doxa”, e depois finalmente ao conhecimento.
Alice, como o prisioneiro, ao decorrer do livro sente várias dificuldades, e chora com medo de não conseguir sair da caverna, mas acaba obtendo êxito no final do romance.
Cai entre nós, se eu fosse colocar todas as semelhanças entre as duas obras, era capaz do texto ficar mais massante do que já se encontra (sinto que está realmente chato, resumindo). Vamos agora para uma dica muito, extremamente boa para quem não gosta de ler ( se você já leu isso daqui, merece um Nobel para paciência meu caro despreocupado leitor!). Saiu esse mês uma nova versão do filme de Alice no País das Maravilhas, com direção de um dos maiores mestres do cinema, meu amado Tim Burton. { http://www.youtube.com/watch?v=DeWsZ2b_pK4}.


Até mais (isso cansa, mas é tão bom).

Por Jessica.

sábado, março 27, 2010

"Uns governam o mundo,outros são o mundo."

Olá, tudo bem (uma breve fática, para simbolizar uma tentativa de cordialidade, valeu a tentativa) ?
Comecei com algo realmente bom, ou pelo menos eu penso assim. O nome do blog? Neil Gaiman, uma de suas obras. A primeira frase postada? Fernando "Pessoas". Acredito que essa mistura deu certo. Se você me perguntar o motivo para que fiz esse blog, provavelmente eu diria : “trabalho da faculdade”, mas sinto que a vontade de fazer isso há séculos é extremamente superior. Achei uma frase realmente boa para resumir (ou expandir) isso : "Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.O que confesso não tem importância,pois nada tem importância.Faço paisagens com o que sinto". Outra do Fernando.
Vou começar dando uma dica excelente em leitura, um livro do George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair – mesmo escritor de Revolução dos Bichos, já ouviu falar? - , o nome dele é 1984. Foi escrito em 1949, pouco antes da morte do George, que faleceu em 1950. Se você já ouviu falar desse livro, deve conectá-lo ao Big Brother – uma comparação realmente fraca, comparando a qualidade do livro e do autor à um clichê da televisão (espero que vocês me entendam, isso é uma esposição de opiniões, mas aceito outras novas).
O livro é narrado em 1984, por Winston Smith um homem com uma vida que aparenta ser insignificante, e trabalha com a propaganda do regime, da falsificando a história, os documentos públicos e a literatura, a fim de que a infalibilidade do governo esteja sempre acima de qualquer suspeita. Smith fica então desiludido com sua existência miserável – e reconhece isso durante o livro - e começando uma rebelião contra o sistema, o que o leva a ser preso e torturado.
A história ficou famosa por causa da grande fiscalização e do controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos humanos. Seus termos e conceitos, como "Big Brother", "duplipensar" e "Novilíngua" entraram no vocábulo popular e o termo "Orwelliano" surgiu para se referir a qualquer reminiscência do regime ficcional do livro.
Uma excelente ideia para leitura, espero que procurem lê-lo. Até a próxima (estou com sono, meu caro!).

Por Jessica.

P.s: Existe o filme desse romance. O nome é semelhante ao do livro "1984". Vejam o trailler, e caso "bata'' o interesse, tentem ver!

http://www.youtube.com/watch?v=Z4rBDUJTnNU