segunda-feira, janeiro 16, 2012

"Cellar Door"


Novamente num daqueles momentos que considero, necessários. Vi esse filme recentemente, por preguiça, quem sabe, e a sensação foi tão boa. A única palavra que achei para definir, ou resumir. O responsável pela obra é o diretor e roteirista do filme, Richard Kelly.
Um dos principais detalhes do filme, além da física teórica abordada como possibilidade de viagem ao tempo, têm-se a cidade em que Donnie, o protagonista vive. Na década de 80, percebe-se uma grande diferença de mentalidade entre os conservadores e os liberais, não sei se isso é apenas um detalhe do filme ou se era realmente assim (não duvido que não seja, é claro), mas é uma situação que considero tão cruel.
O protagonista é considerado problemático, com traços esquizofrênicos, como caracteriza a psiquiatra que ele frequenta. A história em si, quem sabe, começa quando Donnie, acorda durante a noite e têm sua vida salva por um coelho gigante (chamado Frank, que futuramente será o namorado de sua irmã), que "profetiza" o fim do mundo, que Donnie, talvez cite sendo o "seu" mundo. No desenvolver da história, ele se questiona sobre o sentido da vida, sobre tudo, o da morte. Pego até aquela teoria do mundo inteligível do Platão para tentar empregar em alguma parte da história, mas tudo parece tão confuso, ou a ausência de palavras novamente se encontra presente.
Donnie, em pouco menos de um mês de vida, vive talvez mais, que viveria como ela num todo. O amor que ele sente, a intensidade de tudo, naquele "instante já", é nitidamente mostrado, e quem sabe o que aconteceria depois, ou até mesmo antes.
Cita, além do mais, Hawking, Uma Breve História do Tempo, que não li ainda, e uma palavra é citada pela professora de literatura, Cellar Door, traduzi como"porta de adega", que é como tida por Poe e Tolkien, como uma das mais belas frases, sonoras, do inglês.
O filme trabalha o raciocínio sobre o mundo, a vida, quem sabe até mesmo um pouco além, já que as brechas que ele deixou são incontáveis. Defino com plurissignificativo, e nada mais a declarar. Afinal, nem sei quem sou, ou quem posso ser?!
O site do filme é algo que me fez perder uma noite inteira, mas consegue "pregar" atenção: http://www.donniedarkofilm.com/. Acho que não preciso dizer onde encontrar, vi em quase todas lojas que fui, inclusive em blu-ray.
Achei uma parte de uma poesia do Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando, que resume isso tudo tão bem para mim: "Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele; Porque pensar é não compreender..."

Um dia desses, depois de muito tempo,
Jessica.